Blog amigos da rainha

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A força da rainha no carnaval

Por Edwin Carvalho

Passava das três horas da manhã de terça-feira (24) quando Daniela Mercury se despediu do carnaval de Salvador. Emocionada, ela não apenas atendeu aos pedidos dos fãs, vindos de todas as partes do Brasil e do exterior, cantando antigos sucessos como Bandeira Flor, Pega Aqui Oh e Vida É, como estendeu a festa ao máximo permitido pela Prefeitura. Cartazes e bandeiras de países como Chile, Israel e Portugal apenas confirmavam o que todo mundo já sabe: Daniela é do mundo. E mais uma vez fez o mundo se emocionar. Ao descer do trio fez questão de cumprimentar cada um dos seus fãs que se espremiam em busca de um sorriso, um abraço e um beijo da rainha.

Durante quatro dias, Daniela mostrou porque é reverenciada como rainha. Sua música Oyá por Nós caiu no gosto popular e o grudento refrão “Óia tê tê Oyá” podia ser ouvido em toda parte na boca do povão. No sábado, ao lado de Margareth Menezes e do DJ Patife, comemorou os dez anos do trio eletrônico. Como num manifesto silencioso, Daniela celebrou o fato de a música eletrônica ter virado febre no carnaval da Bahia. Há uma década, sua ousadia, convertida em vaias e críticas, trouxe pela primeira vez o elemento eletrônico para a cena carnavalesca. Passados dez anos, a Timbalada e vários outros artistas utilizam a música eletrônica como atrativo para a folia soteropolitana.

No domingo, uma pane no equipamento de som do trio elétrico do bloco Crocodilo fez o canto de Daniela silenciar por quase uma hora em plena Ondina. Mas o que tinha tudo para ser um fiasco acabou se configurando em um dos momentos mais belos do carnaval. Enquanto a banda que tocava no camarote Harém cantava músicas de Daniela até que o som do trio voltasse ao normal, a rainha dançava e era reverenciada pelo público. Talvez esta tenha sido uma das maiores demonstrações de amor e carinho que Daniela já recebeu dos foliões do Crocodilo. Passada a pane, ela deu sequência à homenagem aos anos 60.

DIVERSIDADE

Na segunda-feira, Daniela celebrou a diversidade. Sucessos da dance music como “I will survive” e “It's rain the man” e “Dancin' days” foram propositalmente inseridos no repertório como forma de dizer não à discriminação contra qualquer tipo de orientação sexual. “No meu bloco todo mundo é livre para ser o que quiser ser”, dizia Daniela no momento em que discursava contra o preconceito contra os homossexuais. Ela lembrou que o Crocodilo é o bloco da diversidade. E diversidade inclui gays, heterossexuais e qualquer outro tipo de denominação.

O Crocodilo, aliás, mereceria um capítulo especial. O bloco consegue confrontar, de forma bem humorada, o preconceito explícito nos olhares de reprovação vindos do alto dos camarotes ou do meio dos foliões da pipoca. Dentro do bloco de Daniela, casais, gays ou não, se misturam sem medo de juízo de valor.

A grande novidade, porém, foi o lançamento de mais uma canção do novo disco, Trio em Transe (em breve traremos a letra completa aqui no blog), que faz referências a ícones do cinema universal como Carmem Miranda, Pedro Almodovar e Glauber Rocha.

BEIJO

A terça-feira de carnaval de Daniela foi inspirada nos anos 80. No repertório sucessos de Cazuza, Legião Urbana e de outros grandes nomes do rock nacional. Mas o grande frisson ficou por conta do novo encontro com Aline Rosa. As duas reproduziram a canção Uma noite e meia e no final repetiram o polêmico beijo que tanto deu o que falar no DVD do Cheiro de Amor. “Eu vou chamar agora a mulher que eu beijei e vou beijar de novo”, brincava Daniela, no momento mais eufórico do carnaval. Em cima do trio, o namorado de Daniela, Marco Scabia, assistia a apresentação e vibrava com a performance de sua amada. Outro momento interessante foi quando Daniela chamou para o trio o vocalista do Parangolé e juntos cantaram “Favela”. Naquele momento ela deixou clara a sua admiração pelo que chamou de “novo movimento do pagode da Bahia”, pautado no discurso social em detrimento das letras que depreciam a mulher.

Como um furacão devastador, o carnaval da Bahia passou e deixou marcas. E uma das mais expressivas se chama Daniela Mercury. Dizem que Daniela não conseguiu renovar público. O carnaval desmente. De todas as cenas, a mais marcante não foi a do beijo em Aline ou da euforia do público em Oyá por Nós, mas a de uma criança de, no máximo, oito anos de idade, emocionada ao abraçar Daniela. Em meio à pipoca, nos ombros do pai, a menina sabia cantar todas as músicas da rainha. No final, o abraço coberto de alegria e lágrimas... E que venha 2010.

2 comentários:

Márcio Fernandes disse...

Que lindo !!! esse texto, muito emocionante como é a nossa rainha. Um forte abraço

Deise Guedes disse...

Maravilha, Daniela sempre gentil e educada. Inigualável!