Blog amigos da rainha

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Daniela Mercury: musa de qualquer estação

Criteriosa e preocupada com o conteúdo, a cantora sempre tem o que contar. Cada aparição de Daniela vem recheada de sabores e com coberturas atraentes. Foi assim nesse show concebido especialmente para essa série de cinco apresentações que começou em Tauá, no Ceará, e terminou ontem, em Ilhéus. Lugar perfeito para os últimos acordes juninos dessa “Gabriela, Cravo e Canela” da música brasileira.

Brejeira e mais uma vez provando que se pode fazer festa com gosto de show, a cantora subiu ao palco montado pela Bahiatursa, para, em cerca de uma hora e quarenta minutos, mostrar ao público um painel musical com as cores do Nordeste. Dava para ser um “forrozinho”? Até que dava, mas é a Mercury, não? Então tem que ter roteiro, bailarinas em evolução, troca de figurino...performances. E assim foi. Daniela não só montou um repertório com pérolas do cancioneiro nordestino, como transbordou identidade cultural através das músicas gravadas em seus CDs, a exemplo de Feijão de Corda.

Com certeza teve quem questionasse: “Daniela Mercury no São João? Sim. Trata-se de um intérprete plural, faz música popular brasileira, é nordestina, é baiana. A fonte de artistas desse naipe é cheia de correntes. Tem reis e rainhas do rádio, tem tropicalistas, tem bossa-novistas, tem eternos baianos, claro, mas tem também gemas do pé de serra, do xote, do baião. Sons de João Gilberto, de Tom Jobim, de Caetano e de Gonzagão, também. Daniela se fartou dessas águas, todas. O show de sábado último, por exemplo, foi aberto em pique de galope – um forró com pulsação mais acelerada que desde antes do fenômeno da axé music, era presença certa em repertórios de bandas baianas e muito executado no Carnaval (melhor exemplo, Chiclete com Banana!). O nome da música de abertura, Seu Moço.

Logo em seguida ela foi buscar em Frevo Mulher, canção de Zé Ramalho, imortalizada na voz de Amelinha, outro hit freqüente em trios elétricos nos anos 70-80. Daí em diante a cantora brincou com as mais variadas vertentes da música Nordestina. De Olha pro Céu a De onde vem o Baião, (Gilberto Gil). Dos seus discos, ela pinçou algumas canções e puxou-as para a batida da zabumba. Nobre Vagabundo foi uma delas. Ficou bacana, divertido. Um senão: Daniela poderia ter incorporado um bom sanfoneiro para, ao menos, um bloco de músicas. Passou batido, mas somaria bem.

O público vibrou junto com ela e sabia que lá para as tantas a baianidade nagô ia baixar pelo terreiro. E assim foi. Depois de fazer do palco a sua sala de estar, dedicando o show ao pai – Antonio Abreu - que fazia 80 anos, de anunciar que ia ser avó (Tais Nader, esposa do filho Gabriel Povoas, está grávida) , dar um celular de presente à uma mulher que havia sido roubada, e de avisar que o “nosso próximo encontro” será no primeiro pôr-do-sol de 2009 (show no Farol da Barra), Daniela dispara o que a galera já esperava. A temperatura sobe com Quixabeira (Domínio Público). Aí, já foi! Veio o Quero a Felicidade, Preta e outras fervidas da rainha. Enfim Daniela Mercury colocou sal e pimenta na mesa de São João, sempre marcada pelos ingredientes doces. Só faltava ela chamar Maimbê Dandá. Corre, Cosme! O resultado foi sede. Sede de licor ou de cerveja. Tanto faz. É Salvador, meu rei. É Bahia, cumpade!

Fonte: Tribuna da Bahia

PS. Gente, não lembro de onde peguei essa foto. Se alguém souber a quem pertence, por favor, entre em contato conosco para inserirmos os créditos, ok? Obrigada!

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