Blog amigos da rainha

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Dai a César...


Crítica do novo show Canibália, por Edwin Carvalho

Somente agora, semanas depois do lançamento do novo show Canibália, decidi escrever sobre a mais nova invenção de Daniela Mercury. Infelizmente, não tive como ver o lançamento dos shows em São Paulo e no Rio, como previ inicialmente. Mesmo assim, fiz questão de ver todos os vídeos, comentários e críticas sobre o novo show na internet. E confesso, vendo pela tela de um computador, o novo show não me impressionou.

Faltava conferir de perto o tão falado novo show de Daniela. Resolvi então ir para Iguatu, no sertão do Ceará, para ver a apresentação. Foram 17 horas de viagem de Natal até o município cearense. Estava exausto e apreensivo. Exausto pelas horas a fio em estradas esburacadas sertão adentro e apreensivo com a receptividade do público a um show tão misturado e tão diferente.

Falei sobre esta preocupação com Daniela. Eu e um grupo de fãs, expressamos para a cantora a preocupação de levar ao povo um repertório tão refinado. E Daniela, sorrindo, disse que não mudaria sua apresentação. E assim ela fez. Canibália entrou logo após a overdose de forró eletrônico de Felipão Moral, que levou o público ao delírio ao som de canções do tipo "forró, cachaça e mulher". Minha preocupação, naquele momento, só fez aumentar. Afinal, o público sairia do forrozão para canções de Chico Buarque, Elis Regina, Legião Urbana e todo um caldeirão musical trazido por Daniela em seu novo show.

Mas ao contrário do meu "pré-conceito", o povão é chegado num forró mas também sabe apreciar música de qualidade. Canibália (o show foi apresentado com pequenos cortes em relação aos shows do Rio e São Paulo) empolgou o público do início ao fim, desde o solo de dança de Daniela até o encerramento com o Canto da Cidade.

O novo show de Daniela tem momentos para sair do chão e outros para apreciar, parar mesmo. É impossível não ficar em êxtase com uma Daniela que, depois de mais de duas décadas de carreira, ainda consegue se reinventar. Daniela consegue fazer uma superprodução sem apelar para os canhões de luz, telões e vozes modificadas por computador comum às superstars internacionais e que já começam a ser utilizados pelas cantoras tupiniquins.

A superprodução de Canibália é perceptível pela dança, pelo refinamento do repertório, do figurino e dos cenários, escolhidos criteriosamente por Daniela. Aliás, Daniela nunca dançou tanto no palco (nem nos tempos do Canto da Cidade) como em Canibália. O show, visto assim, de perto, impressiona mil vezes mais que condensado numa tela de computador. Se você ainda não conferiu ao vivo, vale a pena ver de perto. Canibália é um convite aos olhos, a todos os sentidos. É a obra-prima de uma artista que evoluiu e que ganhou uma leveza no palco impressionante. Daniela interage mais com o público, dança mais e mostra que em seu caldeirão musical cabe tudo, do pagode ao samba, do afro ao pop, de Michael Jackson a Carmem Miranda (o dueto com a pequena notável é uma das melhores partes).

Dai a César o que é de César. Não é o povo que gosta de porcaria. São as porcarias que se lançam ao povo, que as digere por pura falta de opção. Que bom seria se todos tivessem a oportunidade de apreciar música de primeira qualidade, de graça, como fez a cidade de Iguatu. Que bom seria se as mercenárias empresas de evento de pequenas e grandes cidades como Natal, não nos empurassem, goela abaixo, bandas e artistas medíocres, com repertório de quinta categoria, em função dos baixos cachês dos artistas de segundo calão. Ou que outras prefeituras levassem para suas praças públicas, artistas do nível de Daniela Mercury.

Se você já viu Canibália em vídeos na internet, esqueça. Somente ao vivo é possível sentir a força deste novo show, cercado de surpresas e emoções, do início ao fim.

5 comentários:

Débora disse...

Edwin, meu filho, bem-vindo ao fantástico mundo de Canibália! ;^)

Jr Vilanova disse...

EXCELENTE RELATO!

Sou seguidor do blog principalmente por gostar muito do trabalho de Daniela Mercury (desde o primeiro LP, pela Eldorado) e por acompanhá-la a décadas também (rs)... mas é a primeira vez que comento e o faço por achar que depoimentos como esse são essênciais para aqueles que não dispoem de tempo ou oportunidade de estar onde o artista vai (na realidade, segundo Milton, o sentido deveria ser o contrário).

Obrigado pela disponibilidade de descrever sensações e acontecimentos dessa notável cantora (interprete, compositora, bailarina, produtora...) e concordo plenamente com você: o povo engole aquilo que chega mais fácil e isso, infelizmente, acaba contribuindo para banalização da arte!

Falei demais...
Adorei ler o post!
Apolinário Júnior!

Hugo de Oliveira disse...

Perfeito esse blog...viu.

Amei...Daniela unica Rainhaaaaaaa.

Já sou um seguidor

abraços

Hugo

JUNIA FS disse...

ED..TU TÁ VIVO MÔ FIIII...
EU NÃO TINHA RAZÃO??? A CANTORA SE SUPEROU DESTA VEZ.....
CADÊ MYRLA??? TÁ VIVA FIA??
BEIJOCAS!júnia

Deise Guedes disse...

Edwin, belo texto. Eu estive no show no Citibank -SP(sábado 08/08/09) e, realmente concordo contigo...é preciso estar presente para entender a dimensão e a energia de Canibália.

Ps. Esperei contato teu e de Myrla...bom, quando estiverem em Sampa avisa.

Bj
Deise