Blog amigos da rainha

domingo, 30 de agosto de 2009

"Estou relendo Camille Paglia", diz Daniela Mercury

ilustração: Gabriel Fraga

Nascida em 28 de julho de 1965, em Salvador (BA), Daniela Mercuri de Almeida se mudou para São Paulo recentemente. Casada com o publicitário italiano Marco Scabia, vive no Panamby. Em setembro, ela traz a turnê "Canibália", do CD homônimo, à cidade. Em entrevista à Época São Paulo, fala da vida na capital paulista, de música eletrônica, da habilidade na direção de da obra de Camille Paglia, escritora que já se declarou apaixonada por ela.

O que traz a turnê Canibália? Tem shows, CD, DVD e documentário. É um manifesto dos meus afetos. Falo do axé, dos tambores, da liberdade, das manifestações antropofágicas. Tento entender o que fizemos na cultura de massa nesses últimos 20 anos.

Seu novo CD tem música eletrônica? Sim. Fui a primeira a colocar música eletrônica no Carnaval da Bahia e comemoro agora os dez anos desse trio com um candomblé eletrônico em “Oyá por Nós”.

Qual o seu canto na cidade? Hoje o Panamby, onde moro. Também a feirinha da Benedito Calixto, aos sábados; as antiguidades do Masp, aos domingos.

O que queria ser quando era criança? Escritora. Depois pensei em ser piloto de Fórmula 1 (risos).

Você é emotiva? Bastante. Sou intensa, dramática. Mas não sou uma figura de Almodóvar (risos)!

São Paulo é maravilhosa por quê? Pela diversidade da população. É uma cidade viva, que pulsa.

São Paulo é insuportável por quê? Pelo engarrafamento. Tenho vontade de sair por cima dos carros ou andando pelo meio da rua. Sou elétrica!

O que deixa saudade quando você sai daqui? As salas de cinema, de arte. O convívio com mais gente, amigos de várias áreas para dialogar sobre arte, trocar ideias. Dou a vida por um bom bate-papo.

Aonde vai quando quer “comida afetiva”? À pizzaria Vicolo Nostro. É linda, tem uma decoração alternativa, com coisas antigas. Ali é tudo à luz de velas, com um ar aconchegante. Eu gosto muito de “casa de vó”.

E comida nordestina? Isso eu faço em casa (risos)! Trago da Bahia quilos de farinha bem fininha, camarão seco e as receitas de minha avó.

Se fosse prefeita, o que faria primeiro? Ampliaria a rede de transportes de massa de boa qualidade, que é fundamental para São Paulo existir como cidade do mundo. Isso é democratizante.

O que toca no seu iPod? Voltei de Portugal ouvindo Amália Agora.

Lendo? Personas Sexuais, de Camille Paglia, de novo.

Algo que ninguém sabe sobre você? Já fui ás no kart. Dirijo bem! E também discuto no trânsito. Abro a janela, reclamo. Em Salvador, já cheguei a subir no capô do meu carro para gritar com um caminhão de lixo (risos).

O que indicaria a um alienígena recém-chegado? A 25 de Março! Ele vai ter de tudo, mais barato (risos). Ver gente de todo lugar, falar todas as línguas. Ali ele vai ter a ideia de uma cidade calorosa, de gente na rua.

Bairro do coração? Tenho um carinho pelo Centro, onde eu ficava antes de ser famosa. Adoro os centros das cidades. E sinto um amor i-menso pelo Masp. Passo por ali e sinto que aquele vão é um pouco meu.

Estresse paulistano? É muita oferta de coisas para fazer. E eu tenho uma alma de marshmallow, que fica querendo sair para todo lado (ri-sos).

E um oásis? O Parque Burle Marx. E qualquer mostra de arte maravilhosa.

São Paulo tem cheiro de... todos os cheiros do mundo, de todas as culturas. E tem gosto de todas as bocas, de todas as comidas... Olha, já já nasce uma música aqui (risos)!

Fonte: Época SP

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