Blog amigos da rainha

domingo, 30 de agosto de 2009

Daniela Mercury e "Canibália"

Daniela Mercury quer que o seu novo álbum, "Canibália", a editar em Setembro, seja uma provocação à sensibilidade, para abrir os sentidos de quem ouve, como quem prova pela primeira vez um novo alimento.

A cantora brasileira esteve em Portugal para uma série de concertos de apresentação do "Canibália", antes mesmo de ter estreado este novo álbum no Canecão, no Rio de Janeiro.

Em entrevista à agência Lusa em Lisboa, Daniela Mercury referiu-se ao disco como "uma viagem particular" que celebra uma carreira de quase vinte anos, mas que dá a possibilidade ao público de se apropriar dele de diferentes maneiras.

"Canibália" será colocado à venda com capas e alinhamentos diferentes, para quem quiser ouvir "uma Daniela mais calma, ou mais elecrónica, ou mais roqueira, ou mais carnavalesca. Fica ao critério do sentimento das canções", disse.

Ao dar "vivas a todas as possibilidades de nos reinventarmos", Daniela Mercury diz que a intenção é abrir o olhar: "Quando a gente lê um escritor que nos revela um mundo diferente ou quando come uma comida que nunca comeu. É um pouco isso que eu quero dar às pessoas".

"Canibália", como um acto de canibalismo na sua própria carreira e na música brasileira, apresenta, de facto, muitas facetas da cantora baiana, mas não é assumida qualquer intenção de desconstrução do que cimentou nas duas décadas de trabalho.

"Vou fazendo fusões novas, buscando novidades, trazendo coisas de lugares onde vou, mas o `Canibália´ nesse ponto é um disco novo, novo nas fusões, nos arranjos, ele tem coisas que nunca viram em discos meus", explicou.

Sendo um "manifesto de afectos", o nono álbum de estúdio de Daniela Mercury conta com a participação de Wyclef Jean, Seu Jorge, Margareth Menezes e Carmen Miranda, convocada cem anos depois do seu nascimento para uma "participação especial" em "O que é que a baiana tem".

São 14 temas, muitos deles revisitações de temas conhecidos da música popular brasileira.

"Tem desde canções tradicionais, de Chico Buarque e Dorival Caymmi, até um twist com Carmen Miranda, até um rap com samba-reggae com Wyclef [Jean], um samba afro com Seu Jorge que vocês nunca viram", relatou.

A faceta canibal (ou canibalista, como diz Daniela Mercury) reflecte-se, por exemplo, em "Benção dos sambas", no qual mistura "Samba da minha terra", de Dorival Caymmi, com "Samba da Benção", de Vinicius de Moraes, em "O que será", de Chico Buarque e em "A vida é um Carnaval", conhecido na voz da cantora cubana Célia Cruz.

A isto, a cantora acrescenta uma versão electrónica de "One Love", de Sara Tavares, e o inédito "Sol do sul", composto com o filho Gabriel Póvoa, uma parceria inédita na composição em família, embora os seus dois filhos a acompanhem nos espectáculos ao vivo, uma como bailarina e outro como músico.

Nos próximos anos, Daniela Mercury quer fazer do "Canibália" um projecto mais alargado, que incluirá um segundo disco, um documentário sobre axé, um DVD com telediscos e o "making of" dos concertos e uma instalação com artistas plásticos.

Fonte: JN

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