Blog amigos da rainha

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O balé da princesa

Uma jovem suada se mistura a cinco bailarinos na sala de uma escola de artes da Pituba. É a filha de uma das cantoras mais famosas da Bahia ensaiando um dos shows do projeto Criança Esperança, da Globo, programado para ir ao ar nesse final de semana. Ela poderia até ter adotado o Mercury como identidade artística, mas preferiu ouvir a sugestão maternal da conselheira Daniela e optou pelo sobrenome do pai. Assim nasceu a assinatura da bailarina Giovana Povoas, a garota criada no bairro de Brotas, que cresceu treinando passos clássicos, assimilou o suingue das ruas de Salvador e chega aos 21 anos com uma certeza: dançar é a sua praia.

Integrante da ala de bailarinos de Daniela Mercury, com quem se apresenta há seis anos pelos palcos do mundo, Giovana começa a construir uma trajetória paralela em sua área de atuação. Participou duas vezes do Festival de Dança de Joinville, um evento muito badalado entre as academias do país, morou um mês em Orlando, nos Estados Unidos, para se aprimorar no balé e, atualmente, é uma das dançarinas do espetáculo O brasileiro Gil, que estreou há poucas semanas no TCA e está em turnê por seis capitais brasileiras.

Giovana vai tentar conciliar as viagens com a agenda da mãe e as aulas na Faculdade de Comunicação da Ufba. “Mas não quero ser jornalista. Minha prioridade é a dança”, privilegia a estudante do sexto semestre de jornalismo – e revela outra aptidão que começa a pôr em prática: a atuação como produtora. A bailarina assumiu sozinha a produção executiva de Pandeirando, o primeiro disco solo do seu namorado, o percussionista baiano Emerson Taquari, da banda de Daniela Mercury. “Eu consegui botar o CD na loja, fazer a divulgação... Tomei pra mim, porque acredito no trabalho”, impõe-se.

Pelo mundo - Ser Povoas e não Mercury combina com a postura discreta de Giovana. “Me acho um pouco tímida. Sou agitada, mas também gosto de ficar na minha”, sublinha a filha da leonina pipocante, que quis proteger as crias de uma exposição maior. “Minha mãe achou que o sobrenome de meu pai poderia nos preservar um pouco mais”, sublinha a irmã do cantor e compositor Gabriel Povoas. Além de integrar a ala de dançarinos de Daniela, Giovana já experimentou o teatro, fez aulas de capoeira, aprendeu a tocar percussão e entrou para o corpo de baile da Ebateca.


Mas foi viajando com a mãe que ela teve a chance de obter, na prática, uma formação cultural rara para uma menina de sua geração. Para se ter uma idéia desse privilégio, com apenas 12 anos de idade, Giovana Povoas já dançava em um palco de Paris e sentia de perto a fartura de informações da cidade.

“Aprendi muito vendo e participando das coisas”, enfatiza com tranqüilidade. A mesma que demonstra quando se refere a Daniela Mercury: “Desde que me entendo por gente, ela já era famosa. Sempre convivi com isso muito bem e estou tão acostumada que, às vezes, esqueço o que ela é e representa”.

A discrição de Giovana também fala mais alto quando o assunto é a vida de sua mãe. Um recolhimento natural, é claro. Brinca apenas com o jeito de ser da cantora que conhece tão bem. “Ela tem personalidade forte”, resume, e volta a falar do seu tema preferido, a dança, destacando sua admiração por companhias como o Grupo Corpo e o Momix. “Também amo Deborah Colker”, acrescenta a dançarina fã, que já conquistou a confiança de Daniela para liderar alguns ensaios importantes. “Sou eu que preparo os bailarinos dela para o Festival de Verão e o Carnaval”, destaca. Em se tratando de uma cantora conhecida pelo profissionalismo, esse sinal verde não é pouca coisa.

O xodó do irmão Gabriel

Daniela Mercury pode se orgulhar de ter dois filhos com vocação para as artes. Enquanto Giovana administra uma emergente carreira de bailarina, seu irmão, Gabriel Povoas, 22 anos, aposta em um projeto autoral como compositor, intérprete, músico, arranjador e produtor. O investimento gerou o seu primeiro disco, Incompleto, ainda sem previsão de lançamento. Mesmo não tendo chegado ao mercado, o álbum já rendeu um reconhecimento para o dono do trabalho.

Gabriel acaba de receber o prêmio Catavento de melhor compositor em um concurso promovido pelo programa A nova música do Brasil, apresentado pelo produtor musical Solano Ribeiro na rádio Cultura AM de São Paulo. Mais de 700 composições disputaram a premiação. Enquanto comemora o resultado, ele segue em estúdio dando seqüência à coordenação musical do próximo álbum da mãe.

Dessa parceria, aliás, já surgiram composições como Aeromoça (uma das melhores da face romântica de Daniela, gravada por ela nos discos Sou de qualquer lugar e Clássica) e três criações para a trilha sonora do filme Canta Maria, de Francisco Ramalho Jr. “Não sabemos ainda quando vai sair o novo CD dela, mas será bem especial”, despista Gabriel, ligado à música desde o começo da adolescência.

Admirador dos passos de Giovana Povoas, a quem chama de Nana desde criança, ele demonstra como a imagem da irmã dançarina é uma referência guardada em suas lembranças da infância: “Sempre fomos muito próximos. Ela é mais extrovertida, eu sou mais calminho. Nana nasceu dançando. É algo que está muito grudado na personalidade dela”.

Gabriel também revela carinhosamente que compôs com a mãe uma canção para a irmã, quando ela completou 15 anos. “A letra fala dos seus olhos de jabuticaba”, elogia o compositor e ex-estudante de administração e filosofia. Daqui a alguns meses, ele dará a Daniela Mercury o seu primeiro neto, como ela mesma fez questão de anunciar em praça pública no último São João. “Mas esse assunto a gente prefere deixar guardado”, esquiva-se o pai de primeira viagem, casado com a cantora e compositora baiana Taís Nader desde março do ano passado.

Fonte: Correio da Bahia

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