Blog amigos da rainha

domingo, 29 de junho de 2008

Pra agitar Chapada

Sincrética como a Bahia, inspirada como Jorge Amado e sem medo de errar como Glauber Rocha. Baianíssima e poderosa. Daniela Mercury está chegando para esquentar o Festival de Inverno. A musa falou ao DC Ilustrado em uma conversa telefônica de meia hora, um papo extremamente agradável no qual o repórter lamentou a ausência de um gravador no celular.

A maturidade, as ambições, as turnês mundiais, a poesia, o processo criativo. Temas diversos que encantam e descortinam o ser humano que existe por trás do brilho da estrela.

Daniela encanta pela simplicidade: “Meu sonho de consumo é ter armário, endereço pra falar que moro e uma semana inteira de rotina só para variar”. Uma mulher de 42 anos com um vigor físico de vinte que arrasta multidão no carnaval em Salvador, quatro dias seguidos. Pergunto o que ela faz para manter a forma e ela: “faço tudo errado, uma vida inteira de noites mal dormidas, não consigo fazer exercícios regularmente, agora, não tenho vício nenhum...” Daniela sente-se mais livre com a idade e até elucubra: “posso comprar uma Harley (Davidson), tatuar o corpo todo, dizer o que penso sem ter que dar muita satisfação”.

Surpreende ao dizer: “às vezes enjôo de mim mesmo, sempre me pergunto o que eu podia estar fazendo de diferente. Gosto do estranho, e isso soa como algo bom, tento buscar isso sempre... Agora não dá para tocar ou mesmo criar mais, porque não tenho tempo hoje, procuro manter-me up to date e provocar os meus músicos, são todos jazzísticos o Alexandre, por exemplo, é amigo do Jimmy Page que tem por ele admiração... Gosto de provocá-los, instigá-los. Deixo eles sozinhos no estúdio e normalmente quando volto, eles arrasaram”. Ela diz isso, mas revela que para o próximo disco compôs vinte músicas.

Ela também falou que escreve “pretensos textos desde os treze anos, meu pai, minha vó, minha tia sempre declamaram poesias. O estilo literário que mais me interessa é poesia. Amo Fernando Pessoa. Mantenho cadernos com textos, pensamentos, frases que sempre consulto no processo de criação”. Apesar de seu instinto criativo normalmente estar voltado para o canto. Segundo ela, da sua boca sai ritmo, música e poesia...

A ela inspira o mundo, a mulher, os sentimentos, as paisagens e o aquecimento global. Gosta dos temas mais recentes. Sua criação tem a ver com sentimento; “perdi o compromisso desde pequena, de ser coerente, sou canibalista, quero mais e tudo ao mesmo tempo, mesmo que não consiga engolir. Arte é provocação do espaço da alma alheia, não dá para fazer arte sem isso”.

Hoje, ela conta que está encantada com as turnês mundiais. Além disso, Daniela mantém um programa chamado “Caravana da Música” que tem apoio da UNICEF e esteve recentemente em Canarana-MT. O Instituto Cultura Sol da Liberdade promove o projeto que leva artistas às escolas e apresenta workshops de música, artes plásticas, dança, um voto de confiança no ser humano que ela acredita “ser lindo apesar de todas as controvérsias".

Fonte: Diário de Cuiabá

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